sexta-feira, 27 de julho de 2012

Contos da Cidade: Uma noite no Canto das Tribos


O Canto das Tribos fez história e deixou saudade na cena regueira cearense (Foto: Paulo Maurício Bezerra)

* Artur Pires

O ano era 2001. Naquela tarde de sábado, Chiquim, todo animado, já limpava as mesas porque sabia que o bar certamente receberia os fregueses fiéis, como de costume. Papudins da velha guarda da Cidade, entre eles Néri, Seu Lúcio e Robertão, e uma dúzia de jovens com pouco juízo, mas mil idéias na cabeça assentavam-se, todo sábado, às cadeiras do Bar do Chiquim, nas proximidades da BR-116, na Cidade dos Funcionários.

Na mesa dos papudins, além da cachaça ou da cerveja gelada (essa mais raramente), os papos de sempre: Bartô Galeno, brega, Roberto Carlos, futebol, saudade dos “velhos tempos que não voltam mais”, mulheres, Reginaldo Rossi, jogo do bicho – e muita, muita boemia imiscuída dentro de cada assunto, compondo cada diálogo.

Na mesa dos jovens desajuizados, além dos celulares de Sapurara prata (a opção cerveja gelada nem raramente, pois a época era de vagas magras, esquálidas), também os papos de sempre: Racionais MC´s, Bob Marley, reggae, rap, futebol, surfe, sexo, drogas, rock'n'roll, pichação, saudade do tempo dos bailes funks, Sabotage, Gladiators, a sexta-feira da praça, jogo do bicho – e muita, muita sede por adrenalina, fome por experimentações as mais diversas, gana de descobrir o mundo e suas possibilidades infinitas. Eram exatamente isso: jovens, entre seus 16 e 25 anos, cheios de vida!

A inquietude e a subversão características dessa fase de transição entre a adolescência e a idade adulta estavam lá, marcando presença naquele grupo. Eram companheiras constantes e muito bem-vindas. Quase todos tinham codinomes, que assumiam com convicção e uma pitada de orgulho: Borel, Repolho, Sodom, Robô, Manko, Pitoco, Santo, Pancada, Lubinha, Gugu, Marrom, Carlim (que esteja em paz!), Plok, Coelho, entre outros. Todos moradores da Cidade dos Funcionários e integrantes da União dos Grafiteiros (UG). Todos fãs de reggae e, por isso, frequentadores contumazes do Canto das Tribos (para quem nunca ouviu falar no Canto das Tribos - existe essa pessoa? -, foi uma casa de shows nas proximidades do Dragão do Mar, na Praia de Iracema – era, a bem da verdade, um pequeno galpão no início e depois, já na sua segunda fase, quando se transferiu para um outro espaço que ficava ao lado do endereço inicial, virou um grande galpão - que surgiu em Fortaleza de meados para o fim dos anos 90. Tinha esse nome porque reunia tribos diversas, mas, principalmente, roqueiros às sextas e regueiros “guerreiros” aos sábados). Apresentações históricas marcaram o CDT: Gladiators, The Wailers, Gregory Isaacs, Eric Donaldson, Alpha Blondy, Adão Negro, Ponto de Equilíbrio, Racionais (que não é reggae, mas entra na cota), além das cearenses Rebel Lion, Dona Leda e Tribo de Leões são alguns dos exemplos, entre tantos outros.

Saindo agora do Canto das Tribos (já já voltaremos a ele) e retornando ao Bar do Chiquim naquela tarde de sábado, depois de cinco celulares de Sapurara prata nos “quengo”, já alcoolicamente “brisada”, a patota fechava a conta e ia para casa se preparar (leia-se tomar um banho rápido e jantar) para o reggae do CDT no sabadão à noite. Antes de pegarem o finado Paranjana 1 até o terminal do Papicu para tomarem outro cambão à PI, encontravam-se na praça para torrar um e, só aí, curtir a brisa no caminho até o reggae. Por isso, a disputa pelo assento da janela e, consequentemente, pelo ventinho na cara era árdua.

À época, à parte a cannabis e a cachaça, que nunca deixaram de ser apreciadas, a onda de 11 em cada 10 integrantes daquela turma era tomar “rocha”, o nome popular para o psicotrópico Rivotril. Seguiam todos “ripinados” e felizes da vida ao CDT. A leveza proporcionada pelo comprimido tarja preta misturava-se à da erva, dando-lhes uma sensação quase de flutuação. Na chegada à PI, uma rápida passada pelo Dragão para conferir o que estava acontecendo. No entanto, o que interessava mesmo ficava na Rua José Avelino, 42: o Canto das Tribos. Era lá que aqueles jovens sem juízo, mas muitas idéias na cachola sentiam-se à vontade para dançar, confraternizar e viver a essência reggae de “paz e amor”.

A sensação de liberdade e comunhão coletiva vivenciada naquele espaço é inenarrável. O CDT foi, no seu período áureo, entre 1998 e 2003, uma baforada de resistência roots em meio à babilônia que o rodeava por aquelas bandas da PI. Pretos, brancos, pobres, burgueses, gays, héteros, jovens, adultos, “muito-doidos”, caretas, homens e mulheres misturavam-se sem preconceitos e segregacionismos e, ao som de várias pedradas dos reggaes jamaicano, cearense, brasileiro e mundial, pareciam sempre levar a cabo a máxima de One Love, do rei Bob Marley. No entanto, quando rolava My Mind, do Hugh Mundell, na versão da Rebel Lion, desculpem o clichê, a galera ia ao delírio. Esse som foi e será o eterno melô do Canto das Tribos. Nunca uma música identificou-se tanto com um local e foi tão incorporada pelos regueiros como um símbolo do lugar do que a dobradinha My Mind e CDT. Quem viveu a época sabe, dizem as boas línguas. 

E os jovens desajuizados da Cidade? Bem, esses aproveitavam, ao seu modo, cada minuto daquela magia envolvente de música reggae, fumaça, muita fumaça, e troca de interações humanas que marcou o CDT. O coquetel molotov de cachaça, rocha e maconha provocava uma explosão de sensações, levando-os a um estado de percepção diferenciado da realidade. A busca pelo prazer era a regra, fosse ele mental, corporal, sensorial e outros “al”. Era uma coisa meio “Woodstock revisitado”. As portas da percepção escancaravam-se às suas frentes, pedindo apenas, se possível, um pouco de moderação. Pedido que quase nunca era atendido. Ou então não seriam quem eram.... irresponsáveis sonhadores à procura da “lombra” perfeita. Era o reggae troando e as sensações transcendendo-se: a combinação ideal buscada por aquela trupe. E assim seguia toda a noite, num misto de transe e euforia coletiva!

(Foto:  Paulo Maurício Bezerra )

O canto desordenado dos pardais trepados na grande mangueira que compunha a paisagem do CDT junto com os primeiros feixes de sol anunciavam a incipiente manhã que chegava. Era hora de voltar à realidade. E que retorno ao mundo real: de cara, era preciso força e coragem para encarar, na maioria das vezes em pé, o corujão lotado até o terminal. Meu deus!, de onde saía tanta gente para pegar ônibus em plena 5 horas da manhã? Vai saber! No terminal do Papicu, o caldinho de carne “pegando fogo” restaurava as energias perdidas durante a noite e preparava para o sono bom que viria na sequência. A volta, no finado Paranjana 2, bem diferente da ida, era de silêncio, sonolência e rebordose. A parada final era a praça da Cidade dos Funcionários. De lá, seguiam para suas casas, cansados e maltrapilhos, mas com uma única certeza: - No próximo sábado, tem mais! 

O Canto das Tribos encerrou suas atividades em 2005, mas as portas da percepção que ele abriu nunca mais foram fechadas!

* Artur Pires é mais um, entre tantos regueiros, saudoso do Canto das Tribos

Postagem relacionada: Contos da Cidade: Dedé, boemia e futebol

quinta-feira, 19 de julho de 2012

*O dia em que a hegemonia mudará de lado


(Charge: Junião)
**Artur Pires
Improbidade administrativa, “caixa-dois”, desvio de recursos do contribuinte, superfaturamento em obras públicas, licitações fraudulentas, contratos públicos com empresas fantasmas, uso de “laranjas” para interesses diversos, pagamento de propinas, aparelhamento e arrendamento de estatais e ministérios por partidos políticos, “dólares em cuecas”, notas fiscais “frias”, fraudes em operações de crédito realizadas por instituições públicas, “mensalão”, “privataria tucana”, CPI do Cachoeira... ufa! Quase que diariamente as páginas das editorias de política e economia dos veículos jornalísticos em todo o país são dominadas e os leitores bombardeados por notícias que englobam o amplo repertório de corrupção que se alastra rapidamente pelas mais diversas esferas do poder público brasileiro, seja este municipal, estadual ou federal, tal como um vírus perigoso, mortal e em avançado estado de metástase.
A corrupção alcançou níveis mais do que alarmantes e estarrecedores; chegou, por assim dizer, a uma vertente profissional. Suas ramificações e tentáculos de fazer inveja a qualquer polvo que se preze tomaram de assalto o Estado brasileiro, disseminando-se, sorrateiramente, pela quase totalidade das suas instituições e repartições públicas, grassando, a passos largos, pelas searas legislativas, judiciárias e executivas brasileiras. Os escândalos jorram em grande volume e proporção; as negociatas e corruptelas “embaixo dos panos” ditam as regras nas relações entre aqueles que detêm o poder nas mãos – leia-se o “osso na boca”. 
Na mesma toada e por consequência diretamente proporcional, o nobre exercício da ética, principalmente na política, vem esvaindo-se ao longo do tempo, com uma notável aceleração de sua decadência nos últimos anos. Hoje, diante do contexto anunciado, pode-se concluir que são poucas e louváveis exceções os parlamentares e autoridades públicas que levam a cabo, em toda a sua plenitude - que é a única forma de seu exercício -, a prática desse conceito tão importante e caro para o desenvolvimento do homem enquanto ser que vive em sociedade e coletivamente. Pelo contrário, a regra, que deveria ser a exceção, baseia-se no jogo escuso de troca de favores entre os homens do poder, que se importam tão somente com o próprio umbigo – entenda-se conta bancária. Reitero: com raras e bravas exceções!
Com todo esse quadro de corrupção pintado, os que mais sofrem com esse cipoal de corrupção são os honestos trabalhadores brasileiros, a esmagadora maioria do povo. Porque uma coisa é certa: quando se toma de assalto o contribuinte, quando se superfatura obras públicas, quando se frauda licitações, quando se opera o “caixa-dois”, quando milhares de dólares inexplicáveis vão parar na cueca de um assessor parlamentar, quando centenas de milhões de reais oriundos de privatizações criminosas, misteriosamente, vão parar em paraísos fiscais d´além mar, está se tomando o meu, o seu, o dinheiro de todos nós.
A usurpação das nossas contribuições aos erários municipais, estaduais e federal abre uma lacuna incalculável, uma vez que estes tributos pagos por nós poderiam estar sendo investidos na educação (10% do PIB para a Educação já!), na saúde, na habitação, no saneamento básico, no transporte público, nas obras de infraestrutura e mobilidade urbana, enfim, na reparação dos gargalos históricos - principalmente para as camadas economicamente mais vulneráveis da população - que impedem o Brasil de ser um país mais justo, menos desigual, com as mesmas oportunidades para todos.
(Charge: Tc.)

O poder que emana do povo

No entanto, todo esse lamaçal de corrupção, principalmente no meio parlamentar, não pode macular a crença na política enquanto ferramenta com poder de transformar realidades, mudar paradigmas, subverter valores. É isso o que os corruptos querem: nossa descrença na arte da política, nossa alienação; desejam, na verdade, que os deixemos em paz, livres e desimpedidos para, sozinhos, se lambuzarem no seu mar de lama e levarem adiante seus planos de poder, riqueza e status!
É justamente por isso que precisamos, ainda e cada vez mais, demarcarmos nossos espaços de luta e resistência, sejam eles movimentos organizados de bairros, sociais, sindicais não pelegos, ONGs e os pouquíssimos partidos políticos que ainda militam verdadeiramente por valores éticos e coletivos. Se não ocuparmos os espaços políticos, outros, com interesses inversamente contrários aos nossos, os ocuparão. A luta é espinhosa, árdua. Mas quem disse que seria fácil? Nunca foi fácil! Quando o povo organizar-se e tomar consciência de seu poder de mobilização, a hegemonia, enfim, mudará de lado. A propósito, as eleições estão chegando. Pensemos nisso!

* Artigo publicado no Observatório da Imprensa

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Eu Apóio a Causa Indígena. E você?

* Artur Pires

Está circulando na internet um documento/manifesto da Campanha "Eu Apóio a Causa Indígena",  que é uma carta aberta para adesão pública, que será dirigida à presidenta da República e aos presidentes do STF, do Senado e da Câmara Federal, que receberão cópia das assinaturas, semanalmente.

A Campanha está sendo organizada pela Associação Juízes para a Democracia, pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), diversas entidades indígenas e personalidades como  Antonio Cândido, Marilena Chauí, Noam Chomsky, Boaventura de Souza Santos, Eduardo Galeano, Dalmo Dallari, Fabio Comparato, João Pedro Stédile, Zé Celso Martinez Corrêa, Frei Beto, Plínio Sampaio, Kabengele Munanga, Lúcio Flávio Pinto, entre outros.

O movimento reivindica políticas públicas e demarcação das terras tradicionais indígenas; urgência nos julgamentos das demarcações das terras pelo Judiciário; e manifestação contra a PEC 215, proposta da bancada ruralista cujo objetivo é levar para o Congresso Nacional a demarcação e homologação de terras indígenas, quilombolas e de áreas de conservação ambiental, que conforme a Constituição Federal é atribuição do Poder Executivo.

Diante de uma formação do povo brasileiro associada à dizimação cultural, étnica e física dos povos indígenas, uma campanha como esta é mais do que necessária, urge! Os índios foram cruelmente alijados dos processos sociais no Brasil, atavicamente. Seus costumes, suas tradições e sua cultura foram e continuam sendo desprezadas. Assim como a população negra, os povos indígenas no Brasil sofreram um duro e perverso processo de marginalização.

Mas para agravar ainda mais a situação, agora, em nome do “progresso capitalista”, suas terras estão sendo invadidas para darem lugar à “revolução agropecuária”, uma balela da bancada ruralista quando, na obscuridade, a intenção é se apropriar das terras indígenas e lucrar com a exportação de grãos e outras commodities para o mercado internacional. É isso o que está por trás da PEC 215, que tenta tirar do Poder Executivo e levar para o Legislativo (leia-se Congresso Nacional) a prerrogativa de demarcar e homologar as terras dos povos autóctones. Essa proposta precisa ser barrada pelos parlamentares - ou então um precedente perigosíssimo será aberto para que a “bancada da motosserra” possa ter em suas mãos gananciosas o poder de decidir os limites das terras indígenas.

Eu Apoio a Causa Indígena! E você?
 
Clique aqui e assine também o documento.
 
Leia aqui o documento na íntegra. 


*Artur Pires é cafuzo (negro+índio)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A arte do grafite!


Grafiteiros de toda a cidade participaram da construção do mural (Fotos: arquivo pessoal)

*Artur Pires

Domingo, 8 de julho de 2012.  O sol a pino, daqueles de “rachar o quengo” e nos fazer “suar em bicas”, brilhava intensamente e não deixava ninguém se esquecer, por um minuto sequer, da sua calorosa presença. O extenso muro do colégio estadual Walter de Sá Cavalcante, na Av. Oliveira Paiva, Cidade dos Funcionários, amanhecera tinindo, pedindo arte. - Me risca, me pinta, parecia dizer. No sábado anterior, um verdadeiro mutirão havia sido formado para chapá-lo em cores diversas, porque, como se diz na linguagem da tribo grafiteira, “chapar o muro” é prepará-lo, com uma mão de tinta superficial, para o grafite que virá posteriormente.

Ainda que com o forte calor que transformava até mesmo uma brisa leve em morna baforada, no domingão de sol, com o mural já chapado, grafiteiros de todos os cantos de Fortaleza foram ao seu encontro. “Personas” e letreiros em “wild style” compuseram a nova paisagem que pintou de significados, cores e letras diversas o muro da escola pública. A transformação do mural do colégio, antes sujo e carcomido, foi instantânea. À medida em que os grafites surgiam na parede, esta ganhava vida e um novo contexto.

O mural foi o grand finale dos projetos “Grafite: Cores da Vida” e “Grafite, Formação e Arte”, selecionados por meio de edital público, e que envolveram oficina de grafite, ministrada pelo grafiteiro Luz (IAC/UG), um dos pioneiros da arte de muro no Ceará, junto com grupos sócio-educativos, facilitados pela psicóloga Beatriz Nobre, que debatiam preconceito racial, orientação sexual, uma nova política de drogas, cidadania, protagonismo juvenil, noção de coletividade, entre outros temas. Os projetos foram voltados para jovens de 15 a 29 anos da Cidade dos Funcionários e adjacências.

A técnica de desenhar nos muros surgiu no Bronx, bairro de maioria negra e pobre em Nova Iorque, no final dos anos de 1960, e ainda hoje é vanguardeada pelo gueto. Desse modo, muitas vezes, o grafite põe em primeiro plano os movimentos da periferia, uma vez que a grande maioria dos seus adeptos é oriunda de regiões nas quais o Estado quase sempre é omisso, com exceção dos períodos eleitorais. Aliás, o ato de grafitar está inserido dentro da cultura Hip-Hop, movimento genuinamente da periferia que une o rap, o break e o grafite.

No Brasil, desde abril de 2011, após a aprovação de uma lei federal, o grafite foi separado definitivamente da pichação, não sendo mais considerado crime. Antes marginalizado e visto com o mesmo preconceito que se tem com o ato de pichar, hoje o grafite consegue, gradativamente, desconstruir a imagem negativa que carregava até anos atrás e desponta como um oásis de cores vivas em meio à árida selva de concreto dos grandes centros urbanos.

Contudo, como no Brasil, e mais ainda no Ceará, vive-se em uma sociedade majoritariamente conservadora, ainda há aqueles que veem a atividade com certa desconfiança e com ares de vandalismo. Uma pena! Porque, para seus adeptos, o grafite é, antes de tudo, o meio utilizado para despejar nos muros, viadutos, passarelas, caixinhas da Telemar - e onde mais for possível os traços de spray - suas convicções, sonhos, angústias, desejos, vontades, enfim, possibilidades infinitas de sensações e expressões.

No final da tarde do domingo, ao observar o novo visual que havia dado vida àquele quarteirão da Cidade dos Funcionários, em frente à praça, a óbvia constatação bate mais uma vez à minha cachola: é...grafite é arte!

*Artur Pires é grafiteiro da União dos Grafiteiros (UG)