Artur
Pires
Todo 1º de maio se comemora o Dia Internacional do Trabalhador. Mais do que
festejar com júbilo a data, é necessário que se reflita e se discuta sobre as
condições atuais da classe trabalhadora no Brasil e no mundo.
De
antemão, é importante sublinhar que, dentro do atual modelo abundante de
produção e consumo, a liberdade da classe trabalhadora torna-se, cada vez mais,
um horizonte que sempre se distancia a cada aproximação, algo inalcançável
dentro desse modus operandi
puramente economicista do deus-mercado.
Com
a mais recente crise do modo de produção capitalista, que se arrasta e se
aprofunda desde 2008, quando estourou nos Estados Unidos, até o atual momento
de colapso econômico europeu, a situação da classe trabalhadora vem se
precarizando aceleradamente. Menos direitos e mais deveres, menores salários, mais
horas trabalhadas, mais exploração, mais desemprego!
A
lógica é extremamente perversa e, por consequência, inversa: os senhores do capital
(governantes e empresários das potências capitalistas), que se julgam donos do
mundo, salvam bancos e outras multinacionais da bancarrota – os grandes responsáveis,
juntos com os governos de plantão, pela atual crise do capitalismo financeiro -
e condenam à indignidade, ao arrocho salarial, à redução de direitos históricos
e ao desemprego milhões de pessoas no mundo todo. Óbvio: para o modo de
produção baseado no dinheiro e na exploração do trabalhador (mais-valia),
bancos e multinacionais são mais importantes do que gente!
Na
maioria das vezes sem sequer perceber, os trabalhadores do mundo todo estão
atrelados a um modus vivendi
cíclico, exaustivamente repetitivo e alienante, profundamente
nocivo à essência humana coletiva, gregária: trabalhar, consumir, assistir à
televisão (que reproduz as representações sociais, os valores e os padrões
dessa sociedade do espetáculo, da abundância, do deus-mercado) e dormir. Trabalhar, consumir, assistir à televisão e dormir. Trabalhar, consumir, assistir à televisão e dormir. Trabalhar, consumir, assistir à televisão e dormir... Num círculo hipnotizante e vicioso! Bilhões (sim, bilhões!) de cidadãos em todo o mundo, hoje, repetem esse “modo
de vida” diariamente.
Essa
é a “liberdade” que o capitalismo tem a
oferecer para os trabalhadores. A liberdade de escolher entre que produto
comprar dentro da abundância de mercadorias em um shopping center e a liberdade de escolher o canal que se quer
assistir na televisão (quando, majoritariamente, todos têm o mesmo discurso
padronizado). No atual sistema de produção e consumo, o ser humano não está
condenado à liberdade, como disse Sartre, mas à falta dela. A liberdade
sartriana, intrínseca a cada um, é rotineiramente saqueada pelos ditames do
capital, com seus jogos de sedução e fetichismo.
Como disse Bakunin, em O Sistema Capitalista, "a liberdade do trabalhador, tão exaltada pelos economistas, juristas e economistas burgueses, é apenas uma liberdade teórica, sem quaisquer meios de realizar-se, e, consequentemente, é apenas uma liberdade fictícia, uma absoluta mentira. A verdade é que toda a vida do trabalhador é simplesmente uma sucessão contínua e horrível de períodos de servidão - voluntária do ponto de vista jurídico, mas compulsória pela lógica econômica - interrompida por momentâneos e breves intervalos de liberdade acompanhados de fome; em outras palavras, é a verdadeira escravidão".
Como disse Bakunin, em O Sistema Capitalista, "a liberdade do trabalhador, tão exaltada pelos economistas, juristas e economistas burgueses, é apenas uma liberdade teórica, sem quaisquer meios de realizar-se, e, consequentemente, é apenas uma liberdade fictícia, uma absoluta mentira. A verdade é que toda a vida do trabalhador é simplesmente uma sucessão contínua e horrível de períodos de servidão - voluntária do ponto de vista jurídico, mas compulsória pela lógica econômica - interrompida por momentâneos e breves intervalos de liberdade acompanhados de fome; em outras palavras, é a verdadeira escravidão".
Diante
desse quadro, de inversão completa dos valores para uma sociedade justa,
humana, de homens e mulheres livres, cabe à classe trabalhadora tomar a
dianteira, ser vanguarda nesse processo emancipatório de desconstrução do
modelo político-econômico que está (im)posto. Esperar que esse movimento surja
do patronato é ingenuidade e resignação. À elite burguesa, interessa tão
somente aprisionar os trabalhadores nessa jaula invisível – mas muito real - do
consumismo de frivolidades, de aparências.
A
luta está posta. De que lado você está?
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