Artur Pires
De
antemão, é importantíssimo à discussão sobre o golpe de Estado no
Paraguai trazer à tona o histórico quadro político-partidário do nosso
vizinho sulamericano. Antes de Fernando Lugo assumir a presidência, em
2008, havia 60 anos que o conservador Partido Colorado se mantinha no
cargo máximo do Executivo paraguaio, contando com os anos de ditadura
militar (1954-89). A vitória de Lugo, um ex-bispo católico muito ligado
aos movimentos sociais e de base, só foi possível porque uma grande
coalizão de partidos oposicionistas foi formada para desbancar as seis
décadas de predomínio dos colorados.
Contudo, pouco tempo após a vitória de Lugo, que obteve democraticamente 41% dos votos, a coalizão vitoriosa que o havia levado à presidência foi se enfraquecendo devido às disputas partidárias e às diferenças ideológicas. Como resultado do desmantelamento do bloco oposicionista, os partidários do presidente na Câmara e no Senado viram-se em apuros, isolados. O Partido Colorado começou a se mexer na busca por aliados na oposição. O resultado: ampla maioria em oposição a Lugo nas duas casas legislativas. A grande verdade é que o Partido Colorado nunca digeriu a derrota na eleição presidencial e esperava, de modo sorrateiro, a hora certa para dar, literalmente, o golpe fatal.
Por ocasião de mortes em um conflito agrário entre policiais e sem-terras – contenda esta que já se arrasta há décadas naquele país e não havia sido solucionada durante os 60 anos de governo colorado -, a reacionária Câmara paraguaia votou, na quinta-feira, 21 de junho, pelo início do processo de impeachment do presidente, sob a desculpa esfarrapada de que Lugo não havia desempenhado a contento suas funções, sendo “negligente e irresponsável” no caso.
Ora, as disputas por terras no interior do Paraguai são seculares, históricas, não de agora. A bem da verdade, o presidente tinha conseguido avançar nessa seara, ainda que não o suficiente para evitar os comuns conflitos no campo, mas à oposição golpista não interessava os avanços alcançados. A ela, só cabia a sede irrefreável de ter o poder em suas mãos de volta. E o grande mote para tal era culpar Lugo pelas mortes da última semana na batalha campal. Em uma sessão relâmpago, a Câmara deliberou pelo impedimento político do presidente, com 73 votos a favor e somente um contra.
Na mesma quinta-feira (21), o Senado paraguaio, também amplamente controlado pelos conservadores colorados, apressou-se a marcar a data do “julgamento” de Lugo. E quando seria? No outro dia. Isso mesmo! O presidente não teve nem 24 horas para preparar sua defesa. O cavalo selado estava passando e os senadores não queriam perder a oportunidade de montá-lo. A hora para recuperar o poder estava pra lá de propícia. Em uma votação de cartas marcadas, o Senado votou pelo impeachment do presidente, com 39 votos a favor e quatro contra. O fantasma do golpe na América Latina voltava a assombrar.
Agora, para o bem da democracia e do povo paraguaio, o país da língua guarani precisa sofrer duras sanções dos órgãos e blocos sulamericanos (Unasul e Mercosul) e mundiais (ONU, União Européia). Não reconhecer como legítimo o novo governo, como já fizeram de imediato Equador, Bolívia e Venezuela, é a primeira medida. É obrigação da presidenta Dilma, enquanto uma das líderes do continente, se manifestar publicamente sobre o assunto, em defesa do presidente Lugo. O golpe de Estado, seja ele escancaradamente militar ou, de maneira maquiavélica, travestido de jurídica e parlamentarmente legal – ambos irmãos siameses, uma vez que completamente antidemocráticos -, precisa ser duramente repelido, rejeitado.
O golpe no Paraguai, finalizado em menos de 48 horas, nos mostra que precisamos estar atentos à nossa democracia. Poderia ser no Brasil? Da forma como se deu, sem o menor tempo hábil para defesa do presidente, penso que ainda não. No entanto, temos, assim como nossos vizinhos paraguaios, uma direita reacionária e ávida para voltar ao trono, bem como uma mídia fascista e elitista, que se arvora guardiã da liberdade democrática, mas não perde tempo em apoiar golpes contra forças de esquerda. É preciso muito óleo de peroba para dar conta desses “caras-de-pau”.
O colunista de Veja, Reinaldo Azevedo, símbolo-mor do reacionarismo tupiniquim, do alto de seu desprezo com os trabalhadores do campo, se posicionou a favor do golpe, vociferando que “é tão evidente a vinculação de Fernando Lugo com os ditos sem-terra, que os dias a mais para a defesa não fariam diferença no mérito”. Pois é, por mais que estejamos consolidando nossa democracia eleição após eleição, ainda não estamos completamente a salvos de reviver a escuridão de um golpe de Estado. Com a direita e o Partido da Imprensa Golpista (PIG) que temos... Ui, é melhor nem pensar. Sai pra lá, assombração!
Todo o apoio ao presidente Lugo e ao povo paraguaio, que o elegeu democraticamente! Força e Luta, sempre!
Contudo, pouco tempo após a vitória de Lugo, que obteve democraticamente 41% dos votos, a coalizão vitoriosa que o havia levado à presidência foi se enfraquecendo devido às disputas partidárias e às diferenças ideológicas. Como resultado do desmantelamento do bloco oposicionista, os partidários do presidente na Câmara e no Senado viram-se em apuros, isolados. O Partido Colorado começou a se mexer na busca por aliados na oposição. O resultado: ampla maioria em oposição a Lugo nas duas casas legislativas. A grande verdade é que o Partido Colorado nunca digeriu a derrota na eleição presidencial e esperava, de modo sorrateiro, a hora certa para dar, literalmente, o golpe fatal.
Por ocasião de mortes em um conflito agrário entre policiais e sem-terras – contenda esta que já se arrasta há décadas naquele país e não havia sido solucionada durante os 60 anos de governo colorado -, a reacionária Câmara paraguaia votou, na quinta-feira, 21 de junho, pelo início do processo de impeachment do presidente, sob a desculpa esfarrapada de que Lugo não havia desempenhado a contento suas funções, sendo “negligente e irresponsável” no caso.
Ora, as disputas por terras no interior do Paraguai são seculares, históricas, não de agora. A bem da verdade, o presidente tinha conseguido avançar nessa seara, ainda que não o suficiente para evitar os comuns conflitos no campo, mas à oposição golpista não interessava os avanços alcançados. A ela, só cabia a sede irrefreável de ter o poder em suas mãos de volta. E o grande mote para tal era culpar Lugo pelas mortes da última semana na batalha campal. Em uma sessão relâmpago, a Câmara deliberou pelo impedimento político do presidente, com 73 votos a favor e somente um contra.
Na mesma quinta-feira (21), o Senado paraguaio, também amplamente controlado pelos conservadores colorados, apressou-se a marcar a data do “julgamento” de Lugo. E quando seria? No outro dia. Isso mesmo! O presidente não teve nem 24 horas para preparar sua defesa. O cavalo selado estava passando e os senadores não queriam perder a oportunidade de montá-lo. A hora para recuperar o poder estava pra lá de propícia. Em uma votação de cartas marcadas, o Senado votou pelo impeachment do presidente, com 39 votos a favor e quatro contra. O fantasma do golpe na América Latina voltava a assombrar.
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