Grafiteiros de toda a cidade participaram da construção do mural (Fotos: arquivo pessoal)
*Artur Pires
Domingo,
8 de julho de 2012. O sol a
pino, daqueles de “rachar o quengo” e nos fazer “suar em bicas”, brilhava
intensamente e não deixava ninguém se esquecer, por um minuto sequer, da sua
calorosa presença. O extenso muro do colégio estadual Walter de Sá Cavalcante,
na Av. Oliveira Paiva, Cidade dos Funcionários, amanhecera tinindo, pedindo
arte. - Me risca, me pinta, parecia dizer. No sábado anterior, um verdadeiro
mutirão havia sido formado para chapá-lo em cores diversas, porque, como se diz
na linguagem da tribo grafiteira, “chapar o muro” é prepará-lo, com uma mão de
tinta superficial, para o grafite que virá posteriormente.
Ainda
que com o forte calor que transformava até mesmo uma brisa leve em morna
baforada, no domingão de sol, com o mural já chapado, grafiteiros de todos os
cantos de Fortaleza foram ao seu encontro. “Personas” e letreiros em “wild
style” compuseram a nova paisagem que pintou de significados, cores e letras
diversas o muro da escola pública. A transformação do mural do colégio, antes
sujo e carcomido, foi instantânea. À medida em que os grafites surgiam na
parede, esta ganhava vida e um novo contexto.
O mural
foi o grand finale dos projetos “Grafite:
Cores da Vida” e “Grafite, Formação e Arte”, selecionados por meio de edital
público, e que envolveram oficina de grafite, ministrada pelo grafiteiro Luz
(IAC/UG), um dos pioneiros da arte de muro no Ceará, junto com grupos
sócio-educativos, facilitados pela psicóloga Beatriz Nobre, que debatiam
preconceito racial, orientação sexual, uma nova política de drogas, cidadania,
protagonismo juvenil, noção de coletividade, entre outros temas. Os projetos
foram voltados para jovens de 15
a 29 anos da Cidade dos Funcionários e adjacências.
A
técnica de desenhar nos muros surgiu no Bronx, bairro de maioria negra e pobre
em Nova Iorque, no final dos anos de 1960, e ainda hoje é vanguardeada pelo
gueto. Desse modo, muitas vezes, o grafite põe em primeiro plano os movimentos
da periferia, uma vez que a grande maioria dos seus adeptos é oriunda de
regiões nas quais o Estado quase sempre é omisso, com exceção dos períodos
eleitorais. Aliás, o ato de grafitar está inserido dentro da cultura Hip-Hop,
movimento genuinamente da periferia que une o rap, o break e o grafite.
No
Brasil, desde abril de 2011, após a aprovação de uma lei federal, o grafite foi
separado definitivamente da pichação, não sendo mais considerado crime. Antes marginalizado e visto com o mesmo preconceito que se
tem com o ato de pichar, hoje o grafite consegue, gradativamente, desconstruir
a imagem negativa que carregava até anos atrás e desponta como um oásis de
cores vivas em meio à árida selva de concreto dos grandes centros urbanos.
Contudo,
como no Brasil, e mais ainda no Ceará, vive-se em uma sociedade
majoritariamente conservadora, ainda há aqueles que veem a atividade com certa
desconfiança e com ares de vandalismo. Uma pena! Porque, para seus adeptos, o
grafite é, antes de tudo, o meio utilizado para despejar nos muros, viadutos,
passarelas, caixinhas da Telemar - e onde mais for possível os traços de spray -
suas convicções, sonhos, angústias, desejos, vontades, enfim, possibilidades
infinitas de sensações e expressões.
No
final da tarde do domingo, ao observar o novo visual que havia dado vida àquele
quarteirão da Cidade dos Funcionários, em frente à praça, a óbvia constatação
bate mais uma vez à minha cachola: é...grafite é arte!
*Artur Pires é grafiteiro da União dos Grafiteiros (UG)
Eu passo em frente a essa escola todos os dias, pois moro perto e fiquei muito feliz na segunda quando vi o muro todo grafitado.
ResponderExcluirE foi legal também ver que outras pessoas no ônibus também tinham gostado da mudança, até mesmo senhoras com uma certa idade.
Muito bacana a iniciativa e tomara que se espalhe por todas as escolas da cidade e do país. Pois é muito triste ver muros brancos, cheios de pichações sem nenhum sentido par aquem não é do grupo. O grafite dá alma aos muros e é arte, pois sempre busca transmitir alguma sensação a quem está observando.
Parabéns aos responsáveis pela linda arte no WSC.
Massa, Ágda! Que bom que até as tiazinhas do cambão gostaram do resultado, né? Mas é isso mesmo, o grafite transforma o local onde passa....valeu e abraço!
ResponderExcluirAGORA VAMO TORA A GRANA DO PROJETO COM A UNIAO DOS GRAFITEIROS JÁ QUE USOU O NOME DA MESMA PRA CONSEGUIR A CEDA NÉ NÃO PANCADA. SÓ UMA DICA NAS REUNIÕES DAS SEXTAS TÁ FALTANDO UMA CAIXA DE SOM PRA ALEGRAR A RAPEIZE BOA VONTADE E ATITUDE TAMBÉM FAZ VALER
ResponderExcluirEi, Porcão, primeiro, eu uso e usarei o nome da UG sempre que quiser, pois sou integrante e estou nela desde a fundação, em 2000. Inclusive, estava na praça da Cidade no dia da criação da mesma. E, se não me engano, você nem lá estava. Segundo: todo o dinheiro do projeto foi prestado conta com a Prefeitura, mah. Foram compradas 30 camisas pra galera que participou, mais de 200 latas de spray, vários galões de tintas, contratado fotógrafo, tem que pagar o Luz, que fez as oficinas, e a Bia, que facilitou os grupos, material de pintura, lápis, borrachas, resmas etc. Enfim, tem uma série de gastos e tá tudo prestado conta direitim. Agora, em um próximo projeto, tu se habilita a ficar na linha de frente e assume todas as responsabilidades, beleza? Por mim, é de boa!!!
Excluirei artur arruma uma camiseta dessa pra mim depois mah na limpeza!!!!!!!valeuu
Excluirquem ta falando é MAX UG vete!!!!!!!!valeuu
Excluire mermo um caixa de som e bom sim porcão com cordo com vc cara
ResponderExcluircom cordo com o meu amigo porcaõ queremos uma caixa de som pra reu pras reunião de sexta fera era melho
ResponderExcluirpoxa, que post legal! adorei os desenhos, realmente deu uma alegria a cidade.
ResponderExcluirtem algum desenho seu artur?
Foi, né Raíssa? Trouxe mesmo uma nova paisagem à Cidade. O meu grafite é o que está na foto embaixo do título (uma mão com o punho cerrado e ao lado 4P - Poder Para o Povo Preto!). Beijão!
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